ESG em Saneamento: como alinhar sustentabilidade e crescimento econômico
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ESG em Saneamento: como alinhar sustentabilidade e crescimento econômico

Maurício Rotta
14 de abr, 2025
7 mins
Tempo de Leitura: 7 minutos

A adoção de políticas de ESG (Environmental, Social and Governance) tem se tornado cada vez mais relevante em todos os setores da economia, inclusive no saneamento. Compreender como alinhar sustentabilidade e crescimento econômico nesse segmento é essencial para promover uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos, garantir serviços de qualidade para a população e, ao mesmo tempo, proteger o meio ambiente e respeitar as normas de governança. 

Neste artigo, vamos discutir o contexto geral do tema, os desafios específicos, as boas práticas recomendadas e como a GEP Compliance pode contribuir para a implementação eficaz de ESG em empresas e órgãos de saneamento.

Contexto geral e relevância do tema ESG no saneamento público

O setor de saneamento é estratégico para a saúde pública, o desenvolvimento socioeconômico e a preservação ambiental. Um sistema de abastecimento de água potável e coleta/tratamento de esgoto bem estruturado previne doenças, promove a qualidade de vida e gera benefícios econômicos. No Brasil, o Novo Marco Legal do Saneamento (Lei nº 14.026/2020) impulsionou debates sobre a universalização do acesso aos serviços de água e esgoto, estabelecendo metas ambiciosas para os próximos anos.

A incorporação de critérios ESG reforça esse movimento ao exigir maior transparência na gestão de recursos, práticas ambientais responsáveis e engajamento com a sociedade. Em âmbito internacional, instituições como a GRI (Global Reporting Initiative) fornecem padrões para a elaboração de relatórios de sustentabilidade, enquanto a Agenda 2030 (que inclui os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especialmente o ODS 6 – Água Limpa e Saneamento) define objetivos específicos para garantir que toda a população tenha acesso a água potável e saneamento seguro.

No Brasil, órgãos de controle como o TCU (Tribunal de Contas da União) e a CGU (Controladoria-Geral da União) também têm incentivado a adoção de práticas de governança e transparência, que dialogam diretamente com o pilar “G” do ESG. Já o chamado PR2030 (Plano Nacional de Saneamento que direciona metas, dentro do escopo da Agenda 2030) sugere diretrizes para modernizar o setor, ampliando o acesso e melhorando a eficiência operacional. É neste cenário que as empresas de saneamento (públicas, mistas ou privadas) enfrentam a necessidade de incorporar políticas de sustentabilidade e governança em seus planejamentos estratégicos.

Desafios específicos no setor de saneamento

Falta de recursos e orçamento limitado

Assim como ocorre em diversos segmentos do setor público, as empresas de saneamento muitas vezes lidam com restrições orçamentárias. Essas limitações prejudicam a capacidade de investir em infraestrutura, modernização tecnológica e programas de capacitação. Nesse contexto, priorizar ESG exige um equilíbrio delicado entre atender demandas imediatas (como ampliar a rede de abastecimento e coleta) e reservar recursos para projetos de médio e longo prazo (instalação de sistemas de reuso de água, controle de perdas e gestão de resíduos).

Cultura organizacional e resistência à mudança

A adoção de políticas ESG implica uma mudança de mentalidade em todos os níveis hierárquicos. Em muitos órgãos públicos, a cultura organizacional ainda é resistente à inovação e à transparência. Além disso, processos burocráticos e estruturas rígidas podem dificultar a implementação de práticas modernas de governança, bem como o envolvimento da sociedade civil em decisões sobre investimentos e planejamento.

Sistemas antigos e subdimensionados

Outro grande desafio diz respeito à infraestrutura e aos sistemas antigos, que tornam a operação ineficiente e dispendiosa. Muitas estações de tratamento de esgoto, redes de distribuição de água e sistemas de gestão ainda dependem de tecnologias obsoletas, com manutenção precária. Esse cenário não apenas eleva custos e perdas (como vazamentos e desperdício de água), mas também dificulta o cumprimento de metas ambientais e sociais, enfraquecendo o pilar “E” (Environmental) do ESG.

Mapeamento e transparência de dados

Para que seja possível mensurar o progresso em metas ambientais e sociais, é fundamental ter acesso a dados confiáveis. Contudo, muitas companhias de saneamento padecem da falta de indicadores ou de metodologias padronizadas para coleta e análise de dados. Sem essa base, fica difícil elaborar relatórios de sustentabilidade confiáveis, o que prejudica a prestação de contas à sociedade e a elaboração de projetos de melhoria contínua.

Mapeamento de dados de ESG no saneamento.

Transformando o ESG em realidade no setor de saneamento

Alinhamento estratégico

Antes de qualquer mudança, é preciso inserir o tema ESG na estratégia de negócios. Para tanto, a alta gestão deve definir objetivos claros e mensuráveis para aspectos ambientais (redução de perdas de água, eficiência energética, gestão de resíduos), sociais (ampliar acesso aos serviços, engajar comunidades) e de governança (transparência, compliance, prestação de contas). O alinhamento estratégico é o ponto de partida que garante que cada ação tenha um propósito claro e esteja integrada ao planejamento de longo prazo.

Investimento em infraestrutura e tecnologia

A modernização de sistemas e processos é essencial para que as empresas de saneamento alcancem eficiência operacional e melhorem seu desempenho ambiental. Isso inclui a adoção de tecnologias como sensores para detecção de vazamentos, softwares de gestão em tempo real, implantação de estações de tratamento de esgoto de alto rendimento e uso de fontes renováveis de energia. 

Além disso, métodos avançados de tratamento de resíduos sólidos (lodos, por exemplo) podem gerar subprodutos valiosos, como biogás, contribuindo para a sustentabilidade econômica e ambiental. Nesse contexto, é fundamental explorar fontes de financiamento como os green bonds (ou títulos verdes), que viabilizam projetos sustentáveis no setor.

Essa abordagem está alinhada aos princípios da economia circular, que buscam transformar resíduos em ativos energéticos e financeiros. A adoção de soluções baseadas em inteligência artificial e Internet das Coisas (IoT) também contribui para uma gestão mais eficiente dos recursos, dentro do conceito de smart water (tecnologia de rastreio de ativos líquidos, uma tecnologia de água inteligente).

Gestão de recursos hídricos e redução de perdas

Um dos principais indicadores de desempenho ambiental em saneamento é o índice de perdas de água. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, 2022), ao distribuir água para garantir consumo, os sistemas sofrem perdas na distribuição de, em média, 37,8%. Reduzir vazamentos e aprimorar a medição do consumo não apenas economiza recursos naturais, mas também gera resultados econômicos positivos, já que o custo de produção e distribuição de água tratada diminui.

Programas de redução de perdas, associados ao uso de tecnologias de monitoramento, podem trazer um rápido retorno sobre o investimento e ser divulgados em relatórios ESG como boas práticas de eficiência. Este tipo de ação mostra como a sustentabilidade pode gerar viabilidade econômica e impacto direto no ROI.

Capacitação e engajamento de stakeholders

A formação de uma cultura ESG dentro das empresas de saneamento exige treinamento e conscientização contínuos. É importante capacitar as equipes para que entendam os objetivos de sustentabilidade e governança, bem como o valor estratégico que esses princípios agregam. Além disso, promover diálogos com comunidades, organizações não governamentais e órgãos reguladores contribui para a construção de confiança e para a elaboração de soluções compartilhadas.

Transparência e relatórios de sustentabilidade

A publicação de relatórios de sustentabilidade, seguindo padrões reconhecidos como o GRI, é uma forma efetiva de prestar contas à sociedade e demonstrar o compromisso da instituição com a ESG. Essas publicações devem conter indicadores de desempenho, metas, avanços e desafios enfrentados, permitindo ao público acompanhar a evolução das ações. A transparência cria um ciclo virtuoso de confiança, estimulando parcerias e investimentos.

Exemplos de implantação de ESG no saneamento

Programa de redução de perdas de água

Vários estados brasileiros têm implementado programas de redução de perdas de água, resultando em economia expressiva de recursos hídricos e financeiros. Em São Paulo, por exemplo, a Companhia de Saneamento Básico (Sabesp) já divulgou relatórios que indicam uma queda significativa nos índices de perdas após a adoção de sistemas mais eficientes de detecção de vazamentos e substituição de tubulações antigas. Esses esforços integram diretamente o aspecto “E” (Environmental) do ESG, ao mesmo tempo em que geram impacto financeiro positivo.

SANETOTAL 2030

Imagine a empresa de saneamento de um estado brasileiro – vamos chamá-la de SANETOTAL 2030 – que decide criar um plano de ação alinhado à Agenda 2030 da ONU. O planejamento inclui metas anuais para expansão de redes de esgoto, criação de estações de tratamento de resíduos sólidos com reaproveitamento energético e implantação de um sistema de governança que facilite a participação popular em decisões estratégicas.

A empresa adota relatórios de sustentabilidade de acordo com o padrão GRI, mantendo indicadores claros de evolução. Ao fim de cinco anos, SANETOTAL 2030 consegue reduzir as perdas de água em 25%, ampliar em 30% a cobertura de esgoto tratado e gerar parte de sua energia a partir dos resíduos coletados. Esse caso hipotético ilustra como o investimento coordenado em ESG pode gerar benefícios múltiplos, consolidando a imagem da companhia perante a sociedade e possíveis investidores.

A contribuição da GEP Compliance

A GEP Compliance oferece um conjunto de serviços capazes de apoiar empresas e órgãos de saneamento na implementação de políticas ESG de forma integrada. Entre as principais soluções, destacam-se:

  1. Consultoria especializada: adequação normativa e revisão de contratos, garantindo o atendimento às exigências legais relativas à governança e à sustentabilidade;
  2. Ferramentas tecnológicas: implementação de plataformas que auxiliam no mapeamento de dados, monitoramento de indicadores ambientais e elaboração de relatórios de sustentabilidade (padrão GRI);
  3. Treinamento e capacitação: formação de equipes internas em temas de compliance, ética corporativa, legislação ambiental e gestão de stakeholders, criando uma cultura de transparência e responsabilidade;
  4. Assessoria em projetos de ESG: desde a elaboração do diagnóstico inicial até a mensuração de resultados, a GEP fornece um suporte completo, focado em resultados práticos e conformidade com padrões nacionais e internacionais;
  5. Gestão de riscos: mapeamento de riscos operacionais e reputacionais, incluindo a implementação de políticas e procedimentos para mitigá-los, em consonância com as orientações do TCU e da CGU.

Ao contar com a expertise multidisciplinar da GEP Compliance, as companhias de saneamento podem acelerar o processo de adequação às melhores práticas de ESG, além de fortalecer sua imagem institucional perante investidores, órgãos de controle e, principalmente, a sociedade.

A importância de uma postura proativa na adequação à ESG

A incorporação de critérios ESG no saneamento não deve ser vista como mero cumprimento de exigências legais ou modismo passageiro. Trata-se de uma abordagem integrada que promove eficiência operacional, redução de custos, engajamento social e responsabilidade ambiental. Em um cenário em que a escassez hídrica e as mudanças climáticas ganham destaque, as empresas e órgãos de saneamento que adotam uma postura proativa estão mais bem posicionados para enfrentar desafios futuros e garantir serviços de qualidade para a população.

Governos, agências reguladoras e financiadores internacionais têm exigido cada vez mais provas de que as instituições operam de forma ética, sustentável e transparente. Portanto, investir em ESG significa proteger não apenas o meio ambiente e a saúde pública, mas também salvaguardar a sustentabilidade financeira e a reputação da organização.

Se sua companhia de saneamento deseja trilhar esse caminho com segurança e efetividade, conte com o suporte da GEP Compliance e conte com nossa expertise para diagnosticar boas práticas ESG em sua empresa.

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