Mais do que um conjunto de regras, a governança corporativa é um modelo de gestão com estrutura suficiente para fortalecer a transparência e a ética empresarial, com impactos dentro da organização e perante o mercado.
Mas, na prática, o que significa adotar essas boas práticas de governança?
A pergunta acima pode ecoar na mente de muitos empreendedores, afinal, os benefícios são claros, existem grandes empresas são referência em governança corporativa e usam as boas práticas como uma estratégia, mas a aplicação ainda não é tão clara assim.
Um bom primeiro passo para isso é entender como funciona a governança corporativa. Esse pontapé inicial vai te ajudar a entender a estrutura, quais os pilares, benefícios e, consequentemente, como implementar.
E é isso que vamos esmiuçar em nosso artigo! Faça a leitura completa e veja como aplicar esses princípios na sua empresa.
Por definição, a Governança Corporativa refere-se a um sistema de relacionamento interpessoal alicerçado em 4 princípios básicos: Transparência, Prestação de contas, Equidade e Responsabilidade Corporativa.
De um modo em geral, a Governança Corporativa pode ser definida como um conjunto de princípios, propósitos e valores que rege as organizações, com o objetivo de proporcionar sustentabilidade e gerar valor a longo prazo, sempre com a observância às legítimas expectativas de todas as partes interessadas.
De acordo com o IBGC, “as boas práticas de governança convertem princípios básicos em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para a qualidade da gestão da organização, sua longevidade e o bem comum”.
Nesse sentido, a boa governança nada mais é do que criar um ambiente no qual as pessoas, voluntariamente, procuram cumprir com as regras estabelecidas, por meio da tomada de decisões no melhor interesse coletivo de longo prazo.
Entendido isso, também é necessário o aprofundamento nos 04 princípios supracitados. Afinal, os princípios vão basear a implementação das diretrizes da governança corporativa.
Para te ajudar, elencamos mais detalhes de cada uma delas.
Note-se, assim, que os 4 pilares são interdependentes entre si, de modo que dificilmente haverá uma boa governança na sua empresa sem a presença de todos eles.
O mais importante para a sua empresa, contudo, não é simplesmente adotar práticas com o mero objetivo de atender às disposições desses princípios, mas, acima de tudo, internalizar e colocar em prática, de forma objetiva, os pilares acima mencionados.
Com o entendimento dos pilares, podemos introduzir alguns dos benefícios da governança corporativa. Dentre os impactos positivos da boa governança, 05 deles se destacam:
Não há dúvidas de que esses benefícios devem ser vistos como consequência da adoção de boas práticas de governança corporativa pela sua empresa, afinal, a falta de conversão dos princípios e dos objetivos centrais em recomendações objetivas impede o seu alcance efetivo.
Antes de nos aprofundarmos nesse tema, é importante esclarecer que não existe um modelo único de estruturas de governança corporativa.
Ele vai depender – e muito – do modelo de negócio da sua organização e, principalmente, das peculiaridades de sua constituição (ex: empresas familiares, estatais, limitadas, etc).
De qualquer forma, existem alguns elementos centrais em um bom modelo de governança. Confira:
A Assembleia de Acionistas é a instância decisória máxima das companhias que possuem esse tipo de estrutura. E ela tem o poder para decidir sobre o rumo dos negócios.
Segundo a Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades Anônimas), cabe à Assembleia de Acionistas:
O conselho de administração é o órgão central de governança corporativa. Enquanto cabe aos executivos se concentrarem nas decisões do dia a dia, cabe ao colegiado realizar o processo de decisão de uma organização em relação ao seu direcionamento estratégico.
Ele exerce um papel fundamental de “contrapeso da gestão” e de guardião dos princípios, valores, objeto social e sistema de governança da organização, sendo seu principal componente.
Pela Lei das Sociedades Anônimas, compete ao conselho de administração:
Cabe a ele, assim, promover continuamente a criação de valor a longo prazo, assegurando a perenidade e a continuidade sustentável da empresa.
É importante lembrar, ainda, de que é possível se instituir, previamente ao Conselho de Administração, a figura do Conselho Consultivo, com o objetivo de dar início ao processo de transição para o mundo da governança corporativa, por meio do apoio especializado de profissionais externos.
Os Comitês nada mais são do que órgãos de assessoramento ao conselho de administração. Eles não têm poder de deliberação, de modo que suas recomendações não vinculam as deliberações do Conselho de Administração.
Cabe destacar que a principal importância da sua existência é, justamente, a de fazer com que os órgãos colegiados tenham maior subsídio especializado, para o processo de tomada de decisão.
Dentre outros, podemos mencionar os Comitês de auditoria, conduta ética, remuneração, recursos humanos, nomeação e de risco.
O Conselho Fiscal corresponde a órgão de fiscalização independente dos administradores com reporte direto aos acionistas. Segundo a Lei das Sociedades Anônimas, compete ao Conselho Fiscal:
Resta enfatizar, ainda, que o Conselho Fiscal não substitui o comitê de auditoria, sendo considerados órgãos independentes entre si.
Cabe à Secretaria de Governança assegurar que as práticas e procedimentos estabelecidos pelos órgãos de governança estejam funcionando a contento. Segundo o Código de Melhores Práticas do IBGC, incluem-se entre as atribuições da secretaria de governança:
A Diretoria Executiva tem como maior missão a de comandar e executar as operações e atividades diárias da empresa. Cabe a ela, portanto, a execução da estratégia e das diretrizes gerais aprovadas pelo Conselho de Administração.
De um modo em geral, é a Diretoria Executiva que deve elaborar e propor iniciativas, planos de negócio, realizar a contratação e a dispensa de colaboradores em nível gerencial e, acima de tudo, prestar contas ao Conselho de Administração.
Assim, é possível visualizar a seguinte estrutura, para os órgãos de governança, de acordo com o Código de Melhores Práticas do IBGC:
Ao entender os princípios, estruturas e benefícios da governança corporativa, podemos concluir que as boas práticas de governança tornaram-se, portanto, imprescindíveis para o sucesso e longevidade de uma organização.
Aqui no Brasil, grandes organizações se destacam por essas boas práticas, e o Ranking Merco de Responsabilidade e Governança Corporativa, uma das principais referências na América Latina, avalia anualmente as empresas que melhor aplicam esses princípios.
Um prestígio enorme, que coloca as empresas brasileiras listadas como organizações que se consolidaram por meio de uma gestão alinhada às melhores práticas de governança, reforçando a sua reputação.
Confira as organizações brasileiras nessa lista:
A Natura & Co ocupa a primeira posição do ranking.
Reconhecida pelo compromisso com a ética, transparência e impacto socioambiental, a sua governança se destaca pelo forte alinhamento com os princípios ESG (ambientais, sociais e de governança) e pela preocupação em gerar valor para todos os stakeholders.
Vale lembrar que, ainda não tínhamos citado as diretrizes ESG, mas elas caminham lado a lado com o compliance para fortalecer a governança corporativa.
O CEO da GEP – Soluções em Compliance, Bruno Basso, compartilhou mais informações sobre essa relação tão estreita.
O Grupo Boticário é outro exemplo de excelência em governança corporativa.
Com investimento na transparência de suas operações, a empresa adota um modelo de gestão baseado em responsabilidade social e sustentabilidade, práticas que reforçam a credibilidade da marca e sua conexão com consumidores e investidores.
A Ambev é uma das empresas que tem se consolidado como uma referência na implementação de boas práticas de governança.
Além de prezar pela transparência e conformidade regulatória, a empresa investe em iniciativas de impacto social e ambiental, fortalecendo sua imagem no mercado.
O Itaú Unibanco é um verdadeiro case de sucesso entre os bancos do país, sendo um dos mais bem avaliados em governança corporativa.
Com um conselho de administração independente, forte controle de riscos e um programa de compliance rigoroso, o Itaú garante credibilidade e segurança para investidores e clientes.
O Mercado Livre ganhou destaque em governança corporativa, especialmente pela sua rápida expansão no setor digital.
Com processos de transparência e responsabilidade, garantem um ambiente seguro para consumidores e parceiros de negócios – o que reforça ainda mais sua credibilidade no universo digital.
Agora que seus aprendizados sobre governança corporativa estão mais consolidados, é momento de entendermos como implementar as boas práticas.
Vale lembrar que não existe uma única forma de aplicar, mas tem três passos que consideramos essenciais:
Antes de mais nada, é preciso entender o contexto da organização, conhecer as principais partes interessadas, formar o time de apoio e sensibilizar os colaboradores.
Lembre-se de que não há um modelo único, por isso é necessário ter visão acerca das principais obrigações de compliance que a empresa, mandatoriamente ou voluntariamente, precisa cumprir.
Nessa fase, por exemplo, você pode definir quais serão as pessoas diretamente envolvidas com o projeto, levantar as principais preocupações da organização em relação ao tema e promover palestras de sensibilização na sua empresa.
Este passo vai exigir de você um pouco mais de tempo, esforço e conhecimento técnico, em razão da necessidade de se buscar as principais fontes de riscos ligados à governança corporativa.
A avaliação de riscos ligados à governança corporativa envolve as etapas de identificação, análise, avaliação, tratamento e comunicação dos riscos, por meio da análise de documentos e realização de entrevistas pessoais com os pontos focais da organização.
Como se percebe, este é um passo fundamental para o sucesso da governança corporativa dentro da sua empresa.
O terceiro passo corresponde à implementação dos planos de ação levantados na etapa anterior.
É chegada a hora de “botar a mão na massa”, para dar início à elaboração de Políticas, estruturação de órgãos internos e à adequação dos processos e procedimentos relacionados.
Por fim, mas não menos importante, você deve realizar treinamentos e capacitações a todas as partes interessadas, com o objetivo de engajar cada vez mais as pessoas responsáveis pelo dia-a-dia da sua empresa.
Ao longo desse artigo, podemos notar que os esforços em governança corporativa são muito bem recompensados.
As empresas que estruturam sua boa governança reduzem riscos, ampliam a transparência e garantem sua sustentabilidade a longo prazo.
Mas implementar esse modelo exige mais do que boas intenções: é preciso maturidade, conhecimento especializado, adaptação à cultura organizacional e um processo contínuo de aprimoramento.
Por isso, a GEP – Soluções em Compliance é a parceira ideal para essa jornada.
Somos a consultoria líder no mercado, com soluções como auditorias, assessorias e consultoria que ajudam as organizações a saírem da teoria para a prática real da governança.
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