5 boas práticas para alinhar inteligência artificial e privacidade no compliance
LGPD

5 boas práticas para alinhar inteligência artificial e privacidade no compliance

Maurício Rotta
27 de jul, 2025
5 mins

Como a IA impacta a privacidade?

Inteligência artificial e privacidade formam hoje uma das combinações mais desafiadoras (e estratégicas) do ambiente regulatório e tecnológico. Com o avanço da IA em organizações públicas e privadas, surgem ganhos significativos em automação e eficiência — mas também riscos crescentes à proteção de dados, à transparência algorítmica e à conformidade com leis como a LGPD.

Neste artigo, você vai entender como a IA afeta diretamente a privacidade dos usuários, quais são os riscos regulatórios envolvidos, como a tecnologia pode apoiar a função de compliance e quais boas práticas ajudam a alinhar inovação com ética e governança digital.

A base da IA é o uso intensivo de dados — muitos dos quais são pessoais e sensíveis. Por isso, seu desenvolvimento e aplicação estão diretamente conectados à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que regula a coleta, o tratamento e o compartilhamento de dados no Brasil.

Não por acaso esse tema vem sendo tratado no âmbito do Legislativo Nacional, por meio do PL 2338/23.

Soluções de IA podem:

  • Traçar perfis comportamentais;

  • Tomar decisões automatizadas com efeitos legais ou econômicos;

  • Cruzar grandes volumes de dados de diferentes origens;

  • Identificar padrões de consumo ou risco com base em dados sensíveis.

Embora essas funcionalidades sejam valiosas, representam riscos relevantes à privacidade se não forem devidamente gerenciadas.

Como destacamos em outro post, a LGPD deve ser incorporada ao programa de compliance de forma estruturada, incluindo o mapeamento de dados, políticas de privacidade e canais de atendimento aos titulares.


Principais riscos da IA sob a ótica da privacidade

O uso crescente da inteligência artificial em ambientes corporativos tem levantado debates importantes sobre inteligência artificial e privacidade, sobretudo em setores que operam com grandes volumes de dados pessoais e decisões automatizadas.

A relação entre inteligência artificial e privacidade se torna ainda mais crítica quando algoritmos tomam decisões que impactam direitos dos titulares, como acesso a crédito ou seleção em processos seletivos.

Por isso, destacamos alguns riscos já evidenciados por muitas empresas:

  • Tomada de decisão automatizada sem revisão humana, contrariando o direito previsto na LGPD (A automatização de decisões é um dos pontos mais críticos quando se discute inteligência artificial e privacidade, especialmente em setores como finanças, RH e saúde);

  • Falta de explicabilidade dos algoritmos, dificultando a compreensão sobre como os dados são tratados (A falta de transparência nas decisões algorítmicas representa um obstáculo direto à proteção de dados e à relação entre inteligência artificial e privacidade nas organizações);

  • Coleta excessiva ou desnecessária de informações, violando os princípios da minimização e da finalidade;

  • Discriminação algorítmica, quando a IA reproduz vieses dos dados de treinamento — o que pode ocorrer em processos seletivos, análise de crédito e outras decisões sensíveis.

Sem o devido controle, esses riscos podem gerar sanções legais, perda de confiança e impactos reputacionais.


Como a IA pode apoiar o compliance?

O uso estratégico da IA pode fortalecer programas de conformidade, desde que esteja alinhado aos princípios de inteligência artificial e privacidade, com foco na transparência, rastreabilidade e segurança jurídica.

Para mitigar os riscos que envolvem inteligência artificial e privacidade, organizações devem adotar medidas como a explicabilidade dos algoritmos, supervisão humana e governança algorítmica.

Assim, apesar dos riscos, a IA também pode ser uma grande aliada do compliance, contribuindo para a prevenção de riscos legais, operacionais e reputacionais. Quando usada com responsabilidade, ela agrega agilidade, precisão e inteligência à função de conformidade.

Principais benefícios:

  • Monitoramento contínuo de riscos: Detecção de anomalias em tempo real em processos financeiros, compras, contratações e outros.

  • Análise preditiva: Antecipação de riscos regulatórios e recomendações proativas de ajustes em políticas.

  • Revisão automatizada de documentos: Extração de cláusulas contratuais e identificação de obrigações legais com mais eficiência.

  • Gestão de terceiros e due diligence: Avaliação de fornecedores com base em bases públicas e privadas.

  • Apoio ao atendimento da LGPD: Identificação de dados pessoais em grandes volumes e automação no atendimento aos titulares.


Riscos da implementação de IA em compliance

Ao implementar ferramentas baseadas em IA, é fundamental manter o equilíbrio entre automação e os princípios de inteligência artificial e privacidade, evitando dependência cega da tecnologia.

  • Falsos positivos e interpretações imprecisas, gerando alertas incorretos;

  • Falta de supervisão humana, com risco de violações legais não intencionais;

  • Sobredependência tecnológica, que pode comprometer o senso crítico da equipe de compliance;

  • Responsabilidade legal por decisões automatizadas, já que a empresa continua sendo responsável mesmo quando o erro é da IA.

Como discutido neste post sobre governança e compliance, a tecnologia só contribui de forma positiva quando está alinhada a políticas claras, padrões éticos e mecanismos robustos de controle.


Boas práticas para alinhar IA à privacidade e ao compliance

  1. Avaliação de Impacto à Proteção de Dados (DPIA):
    Sempre que a IA envolver dados pessoais, especialmente em decisões automatizadas, elabore um relatório de DPIA para identificar riscos e salvaguardas. Essa análise é prevista na LGPD e comprova o compromisso da organização com a segurança da informação.

  2. Transparência e explicabilidade dos algoritmos:
    Adote soluções que permitam explicar claramente os critérios utilizados nas decisões automatizadas, respeitando os direitos dos titulares.

  3. Supervisão humana nas decisões críticas:
    A LGPD assegura o direito à revisão por pessoa natural. Portanto, mantenha sempre a intervenção humana em processos como concessão de crédito, demissões, recusas contratuais, entre outros.

  4. Documentação e governança algorítmica:
    Registre todos os sistemas de IA utilizados, suas finalidades, bases legais, fontes de dados, responsáveis técnicos, métricas de precisão e revisão de riscos (Um bom programa de compliance digital precisa integrar políticas claras sobre inteligência artificial e privacidade, além de critérios técnicos de explicabilidade, acurácia e supervisão humana).

  5. Capacitação contínua das equipes:
    Promova treinamentos periódicos para as áreas de compliance, jurídico, tecnologia e negócios sobre riscos, boas práticas e ética digital.

  6. Integração entre compliance, LGPD e segurança da informação:
    A conformidade deve caminhar junto com a cibersegurança. Soluções de IA devem adotar padrões elevados de proteção contra vazamentos e incidentes.

ISO/IEC 42001 como mecanismos de boas práticas

Com o avanço acelerado da Inteligência Artificial (IA) nos setores público e privado, cresce também a necessidade de padronizar práticas éticas, seguras e responsáveis em seu uso. É nesse cenário que surge a ISO/IEC 42001, a primeira norma internacional dedicada exclusivamente à gestão de sistemas de IA.

A ISO/IEC 42001 estabelece os requisitos para a implementação de um Sistema de Gestão de Inteligência Artificial (SGIA) em organizações que utilizam, desenvolvem ou fornecem produtos e serviços baseados em IA.

Sua proposta é clara: promover transparência, segurança, confiabilidade e responsabilidade no uso da IA — princípios que são fundamentais para mitigar riscos, assegurar a proteção de dados e garantir o alinhamento com legislações como a LGPD e marcos internacionais de governança algorítmica.

Segundo a própria ISO, a Inteligência Artificial está se tornando um dos principais impulsionadores da economia global. Nesse contexto, adotar um sistema de gestão específico para IA não é apenas uma boa prática — é uma necessidade estratégica.

Ao seguir a ISO/IEC 42001, sua organização:

  • Demonstra responsabilidade e ética no uso da tecnologia;

  • Estabelece políticas, controles e métricas para os riscos associados;

  • Reforça a confiança de stakeholders e clientes;

  • Se antecipa a exigências legais e contratuais cada vez mais comuns.

Além de contribuir para a governança e conformidade regulatória, a norma traz ganhos diretos para a gestão e a reputação institucional:

✅ Redução de riscos

Mitigação de falhas nos sistemas de IA, prevenção de vieses algorítmicos e controle sobre decisões automatizadas.

✅ Transparência e prestação de contas

Estruturação de políticas internas que garantem rastreabilidade, explicabilidade e supervisão humana nos processos automatizados.

✅ Certificação e reconhecimento no mercado

Organizações que implementam a ISO/IEC 42001 podem ser auditadas por terceiros e obter uma certificação reconhecida internacionalmente, que comprova seu compromisso com a IA ética e segura.

Por isso, a ISO/IEC 42001 pode ser adotada por qualquer organização — pública ou privada, grande ou pequena — que:

  • Desenvolva soluções baseadas em IA;

  • Compre sistemas de IA de terceiros;

  • Implante modelos algorítmicos em seus processos internos;

  • Comercialize produtos ou serviços com funcionalidades de IA embarcadas.


Conclusão

Empresas que colocam inteligência artificial e privacidade no centro de suas decisões estratégicas saem na frente em inovação segura, compliance e geração de valor com responsabilidade.

Por isso, a construção de uma estratégia que integre inteligência artificial e privacidade é indispensável para empresas que desejam inovar com segurança, ética e conformidade regulatória.

A Inteligência Artificial pode ser uma grande aliada da governança, da ética e da integridade institucional — desde que seu uso esteja alinhado a valores como transparência, responsabilidade e respeito à privacidade.

Empresas que integram IA, compliance e LGPD de forma estratégica reduzem riscos, ganham vantagem competitiva e fortalecem a confiança dos seus stakeholders.

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