Com a crescente do ESG no Brasil, a integração desses princípios se consolidou como um pilar para as empresas comprometidas com um crescimento saudável e geração de valor a longo prazo.
Neste sentido, a Prática Recomendada ABNT PR 2030 é um passo estratégico para implementação e melhoria do ESG nas organizações, servindo como um guia para que empresas de diferentes setores e portes possam avaliar, de fato, a sua maturidade em ESG e, assim, estruturar melhor as iniciativas.
Por isso, se a sua empresa está iniciando a jornada ESG ou procura por melhoria contínua das práticas sustentáveis, esmiuçar o que é a ABNT PR 2030 é sempre uma tarefa relevante.
Pensando nisso, neste artigo, você encontrará uma visão completa sobre a ABNT PR 2030, com introdução ao tema, fundamentos, estrutura e benefícios. Além disso, estruturamos os estágios de maturidade ESG, processos de verificação, documentos orientativos dessa norma e outros assuntos ligados à implementação.
Boa leitura!
A Prática Recomendada ABNT PR 2030 está totalmente inserida no contexto ESG.
Como falamos anteriormente, ESG (Environmental, Social and Governance) diz respeito, basicamente, a práticas empresariais responsáveis relacionadas a aspectos ambientais, sociais e de governança.
Em outras palavras, é o tripé basilar da nova visão organizacional, representando uma verdadeira releitura do “shareholder capitalism”, com foco na geração de valor a longo prazo.
Por meio do ESG, o capitalismo das “partes interessadas” ganha força, passando a combater a teoria da maximização de valor aos acionistas e a se valorizar o equilíbrio entre os seus interesses e os dos demais stakeholders.
Sob essa ótica, a inclusão de práticas ESG nas empresas vem se concretizando como um dos principais pilares de um movimento de renovação do capitalismo do século XXI.
Não por acaso, os temas relacionados têm ganhado cada vez mais espaços em agendas de instituições tradicionais como o IBGC e o Business Roundtable, bem como em manifestos mundiais, tais como o que ocorreu em Davos.
Por essas razões, o ESG representa um novo paradigma empresarial e não apenas mais um “modelo de negócio” das empresas do século XXI. Ele permite, na realidade, uma reflexão profunda no verdadeiro propósito das organizações.Sob essa ótica, a ABNT, que é o Foro Nacional de Normalização, elaborou, em dezembro de 2022, a Prática Recomendada ABNT PR 2030, com o objetivo de permitir que as organizações, independentemente de seu porte, setor ou constituição, possam identificar o seu estágio de evolução em relação aos critérios ESG propostos e considerados relevantes.
Antes de mais nada, é importante lembrar de que a Prática Recomendada ABNT PR 2030 (ESG) é um documento normativo que difere totalmente de uma Norma Brasileira.
O processo de elaboração de uma Prática Recomendada é simplificado e bem mais rápido do que o das normas técnicas.
A Prática Recomendada ABNT PR 2030 estabelece o primeiro passo para conceituar e orientar como incorporar o ESG na organização, bem como permitir, por meio de avaliação, o direcionamento para o estabelecimento de metas.
Não há, portanto, como a organização buscar a “certificação” de uma Prática Recomendada, nos moldes do que acontece com uma NBR ou de uma ISO. É que não há um sistema de gestão, com base nos pilares do High Level Structure (HLS) (conjunto de 10 cláusulas que todos os padrões do sistema de gerenciamento ISO devem usar).
O que é possível para a organização é a obtenção de uma Declaração de Conformidade ou de uma Declaração de Compromisso, conforme será visto logo adiante.
A grande vantagem da Prática Recomendada ABNT PR 2030 é proporcionar um direcionamento inicial para a organização que está começando a jornada ESG!
Não se trata, assim, de compará-la ao padrão GRI, SASB ou a outras metodologias e/ou indicadores de sustentabilidade consagrados no mercado, mas apenas utilizá-la como uma importante ferramenta de avaliação e de boas práticas ESG.
De qualquer forma, deixamos aqui um alerta: independentemente de certificação ou verificação, ESG é uma jornada e não uma linha de chegada!
Considerando que a Prática Recomendada ABNT PR 2030 (ESG) não é, formalmente, uma Norma Brasileira, mas sim um documento orientativo, as organizações podem buscar uma Declaração de Conformidade, que poderá atestar, por sua vez, o preenchimento das exigências da Prática Recomendada ABNT PR 2030.
Esses passos, inclusive, estão normatizados junto ao Procedimento Específico PE-487, que estabelece, justamente, o processo para a verificação da maturidade dos critérios ESG implementados na organização.
Basicamente, para a obtenção da Declaração de Conformidade, a organização deve atingir um patamar mínimo no seu estágio de maturidade, conforme detalhado abaixo:
Caso não obtenha o estabelecido no item acima, a organização deve elaborar uma Alegação de Compromisso ESG, apresentando um Plano de Ação para o atendimento do patamar mínimo (E3) e/ou do patamar mínimo (E4) para, no mínimo, um critério de cada eixo. Neste caso, a ABNT emitirá uma Declaração de Compromisso e fará o acompanhamento periódico do cumprimento do Plano de Ação.
Os documentos orientativos da PR 2030 são normas e diretrizes que auxiliam as organizações na implementação de boas práticas em sustentabilidade, responsabilidade social e governança.
Todos divididos entre os eixos Ambiental, Social e de Governança, essas normas que norteiam a PR2030 são:
Eixo Ambiental
Eixo Social
Eixo da Governança
A implementação de qualquer norma ou iniciativa dentro de uma organização envolve um amadurecimento contínuo e, não há como fugir, esse processo não é linear.
Neste caso, a ABNT PR 2030 define estágios de amadurecimento ESG, que serve como guia para as organizações avaliarem o progresso em relação aos critérios supracitados – e esses critérios não servem apenas para identificação de maturidade, mas também para melhoria contínua.
Nesse sentido, vamos explicar um pouco mais os 05 estágios de maturidade ESG:
O estágio 1 é destinado às organizações no início da jornada ESG, com pouca ou nenhuma estrutura voltada para a implementação de boas práticas ambientais, sociais e de governança.
Empresas com conhecimento primário e sem diretrizes definidas se encaixam aqui.
No estágio 2, a ABNT PR 2030 considera as organizações que reconhecem o impacto do ESG, mas que tem apenas iniciativas pontuais, sem viés estratégico e que ainda não fazem parte da cultura organizacional.
Como o nome sugere, são empresas que não integraram o ESG em sua cultura, sem um alinhamento claro entre as áreas.
Nesse estágio, o ESG começa a ser tratado para além das iniciativas, e tem um plano estruturado, com diretrizes a serem seguidas e práticas implementadas de maneira sistêmica.
Ainda assim, não é o estágio final de maturidade em ESG, já que são empresas que não sabem mensurar o impacto das práticas adotadas.
Nesse nível, o ESG já está incorporado à estratégia da organização, com influência nas decisões e processos.
Empresas no estágio 4, se diferenciam pelo compromisso da alta liderança com o ESG, seguindo em busca de atingir as metas definidas e monitoramento contínuo dos avanços em sustentabilidade.
Empresas no estágio 5 de maturidade ESG vão além das boas práticas: elas transformam sua identidade organizacional, gerando valor para a sociedade e, é claro, para o setor que atua.
Neste estágio estão as organizações reconhecidas como líderes e referências, não só pela sua responsabilidade ambiental, social e de governança, mas pela forma como suas ações geram mudanças profundas.
Para facilitar a compreensão da ABNT PR 2030, a norma se estrutura em três eixos principais: Ambiental, Social e Governança. Dentro de cada eixo, são definidos temas e critérios que orientam a implementação do ESG na organização.
Sobre os eixos, temos as seguintes definições:
As questões ESG (ambientais, sociais e de governança), embora possam ser consideradas de forma individual, são elementos interligados e destacam os riscos e as oportunidades multifacetados para os aspectos sociais, tecnológicos, políticos, ambientais e econômicos do negócio, que precisam ser considerados por uma organização que busca ser sustentável.
A governança tem destaque, no sentido de que é responsável pelo tom de como os temas e critérios ambientais e sociais devem ser conduzidos dentro da estratégia do negócio, bem como estabelece as políticas e os processos necessários para a consecução da estratégia.
Os critérios sociais estão interconectados aos ambientais quando as organizações buscam adotar abordagens mais amplas sobre sustentabilidade.
A integração das questões ESG em uma organização deve ser uma definição estratégica e depende de vários fatores, incluindo: estágio de desenvolvimento, situação atual, apetite cultural por mudança, desenvolvimento tecnológico, visibilidade das questões, tendências de mercado e objetivos. Os temas ESG pertinentes também variam para cada organização ou nicho de negócio.
Nesta Prática Recomendada, foram selecionados, com base em normas e boas práticas internacionais, os temas e critérios ESG considerados relevantes para muitas organizações e que podem servir como ponto de partida para identificação de seus temas materiais.
Os temas e critérios ESG foram segmentados conforme a seguinte estrutura:
Eixo: nível mais abrangente composto pelos eixos Ambiental (E), Social (S) e Governança (G);
Tema: subdivisão temática de cada eixo, permitindo o agrupamento de critérios em temas ou famílias com aspectos afins.
Critério: subdivisão dos temas em aspectos específicos para abordagem na organização.
Para aqueles que chegaram até aqui, já podemos notar a robustez da Prática Recomendado ABNT PR 2030 quando o assunto é implementar o ESG. Tanto embasamento garante, de fato, práticas alinhadas aos processos internos e ESG como parte estratégica na gestão.
Neste sentido, dentre os benefícios da adoção de práticas ESG, segundo a Prática Recomendada ABNT PR 2030, destacam-se os seguintes:
Na incorporação de práticas ESG, assim como em outros temas do universo corporativo, abordar a questão como um processo, em fases, torna eficiente e auxilia no alcance de resultados concretos.
Esta jornada é individual e única para cada organização e este documento sugere sete passos para incorporar o ESG dentro da estratégia e modelo de gestão da organização, desde conhecimento sobre o tema, consolidação em uma nova visão de negócio e intenção estratégica, até a entrega de valor, de uma forma mais ampla para a sociedade.
Sob essas premissas, a Prática Recomendada ABNT PR 2030 definiu 7 passos para incorporá-la dentro da sua organização:
Como vimos ao longo deste artigo, a Prática Recomendada ABNT PR 2030 é muito importante para a melhoria de práticas ESG dentro de uma organização. Para garantir que sua organização atenda a todas as exigências dessa recomendação, a consultoria GEP é a escolha ideal.
Além disso, se você deseja aprofundar seu conhecimento sobre o documento orientativo, oferecemos o curso “ABNT PR 2030 – A Jornada ESG“, ministrado pelo nosso sócio fundador Bruno Basso.
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